quinta-feira, 22 de abril de 2010

21 de abril de 1792

No último 21 de abril, deveríamos reverenciar um grande brasileiro, no aniversário de sua morte, prematura, aos quarenta e seis anos, em prol de nossa independência! Mas ninguém lembrou, nos meios de comunicação, desse personagem de nossa história, não ouvi um comentário entre as festividades do aniversário de Brasília, nossa capital,(emporcalhada pelos últimos acontecimentos, além de Arruda, assunto passado, a eleição de seu capacho para sucede-lo na bandalheira.) Eu lembrei, assustado pela incoerência de se esquecer alguém que viveu numa época em que nosso país não existia como nação, e que propunha isso, a um povo espoliado por um reino distante, que sonhava direitos humanos para seres humanos, que nascera numa cidadezinha do interior de uma capitania pobre, que hoje leva sua alcunha como nome, que produziu um herói, esquecido entre tantos covardes, hoje! Que se dignou rebelar-se, talvez ingenuamente, contra a espoliação de impostos, de proibição de estudar, de ir e vir, de usufruir as riquezas de sua terra! Menino que ficou órfão aos 11 anos, e nessa terra de ninguém conseguiu alfabetizar-se e ingressar na tropa dos dragões, e instruir-se o suficiente para ser médico prático, extraindo e colocando dentes que ele mesmo fazia, e correndo as minas como patrulheiro de mato, tornou-se alferes e líder de seus superiores na indignação que provocou a conjuração mineira!
No último 21 de abril condenamos mais uma vez o nosso herói Joaquim José da Silva Xavier, a morrer na memória, morto que foi, como diz a condenação:”por morte natural” na forca, esquartejado e pendurado em postes para intimidar os covardes, que sobreviveram sabe lá a que custo, condenados que foram, no dia anterior, à mesma pena.
No último 21 de abril inserimos uma nova página na nossa história, comumente ameaçada de virar anedota, vira mágica. Some na cartola dessa ilusionista comemoração, que ao menos celebra a memória de outro mineiro:Juscelino Kubitschek de Oliveira, também militar, também médico, também perseguido pela sua brasilidade. Ainda não esquecido, mas quase, proibido que foi, de voltar à sua cidade Brasília, morto de forma mais elegante, nos tempos mudados de agora, sem forca ou esquartejamento literal, só o moral.
No último 21 de abril comemorou-se os cincoenta anos de Brasília, e esqueceu-se de reverenciar alguém que deu a vida para que um dia se pudesse viver Brasília. Qual fato novo substituirá o aniversário de Brasília daqui a anos?

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