segunda-feira, 28 de junho de 2010

circunstancial


A chuva desta hora é boa,
Pois estou agasalhado nos cobertores,
Mas já tomei pelas costas geladas
A chuva fria das estradas
Nas manhãs sem cobertores.

Aí a chuva era uma miserável derrota...
A chuva era o barro avassalador
Que me colocava no meu ínfimo lugar
De molhado, encalhado, fudido,
miseravelmente conformado,

É, a chuva é boa quando não molha
O travesseiro. Quando não humilha.
Um ser molhado pela chuva
É o mais desprazível da hora,
Sem coberta e sem razão...

Apenas o dorso molhado, a alma esfriada,
O chão escorregando de pés escorridos
E uma sensação de derrota, de vencido
Pela água dimanada testa abaixo,
Além do umbigo.

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