sábado, 10 de julho de 2010

Véio zuza


Muitas vezes o vi passando pela calçada,
Carregando sua história naquele saco
de estórias...
Tinha muito medo das crianças,
As crianças tinham medo dele,
Como concatenar esses sentimentos?
Apenas ficava olhando ele passar
Como quem vai viajar,
No seu buik 51,
Que dizia ter comprado novo...
E sua demonstração de riqueza:
Duas notas miúdas, amassadas, tiradas do bolso.
Sempre que o chamavam de mendigo,
Exibia-se:-
Melhor que vocês, que não têm esse dinheirão...
Na verdade ele não mendigava, morava na rua nossa,
exigia
Todas as manhãs o café, depois o almoço,
vinha como convidado
À porta de toda vizinhança,
que o queria bem,era o guardião
das nossas portas e crianças.
A rua era dele, a rua era sua casa.
De repente não o vi mais, estranho,
Mas ele fora recolhido ao asilo.
Tornando-se um pobre asilado, de nós.

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