domingo, 17 de abril de 2011

companhias


Não quero desvestir meus mortos.
Estamos onde sempre os pusemos,
Na sala de estar, de jantar,
Aqui
Nos demos bem, nos olhamos,
nos pudemos ver e tocar
nossos avessos.

Aqui cheiramos nossos pratos
E a nós mesmos.
Seus corpos apodreceram?
Suas falas não. Sirva o café para
o pai,
As bolachas para a mãe,
Veja que crochê ela faz...

E os conselhos monossilábicos
dele?
Veja a paz que nos traz
Suas presenças.
Aqui nos falamos francamente.
Se enterrarmos nossos mortos
Quem há de falar o silêncio?

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