segunda-feira, 9 de maio de 2011

O tempo que passa


Vi passar, na manhã,
A menina das saias curtas,
Os homens das calças rotas,
A menina para os homens,
Os homens para a menina...
Mas, não disse nada.

Vi o dia tornar-se claro
Dos escuros da noite densa,
E a noite, densamente ousada,
Dividindo-se em sombras
Esparsas sobre telhados...
Mas, não disse nada.

Nasci e cresci espiando
A vida das cores e sombras
Entre o nascer e o pôr
Dos sóis diversos, premidos
Entre vidas que passavam...
Mas, não disse nada.










Sobrevivi às derrotas
Onde passei sede e fomes
E viajei às pasárgadas
De meus sentidos absortos,
E fui desfiando horas...
Mas, não disse nada.

Que a vida, como me é dada,
É-me tirada aos poucos
Nos sentimentos de dores
Matando-me previamente,
Que só os ossos ficarão.
Mas, os ossos não dizem nada.

Os ossos apenas ficam
Observando calados
As mortes das madrugadas
E dos sóis que pairam
Em nuvens escurecidas,
Que não dizem nada.

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