segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Herdeiros das folhas murchas


As árvores da rua
Estão chorando suas folhas
murchas...
os homens da prefeitura
estão varrendo sem dó
as folhas murchas.

Os críticos usuais
Estão criticando os homens
Que varrem as folhas,
Não por serem folhas e
Estarem murchas.
Pelo devagar...

Assim é a vida
Das folhas murchas humanas,
Pelo devagar com que
São varridas para longe
Dos críticos e das suas camas...
Muito devagar...







Então


Todos estaremos distanciados
De nossas casas uma vez...
Precisaremos de olhos alheios
Para contar pormenores da fachada,
Do jardim, da entrada pintada nova...
Estaremos então tão cegos quanto
O cego que nos pergunta agora
A cor nova da nossa fachada...

Por outro lado traremos notícias
Dos lugares visitados...
Seremos os olhos alheios
Para contar pormenores das fachadas,
Dos jardins, das pinturas levadas...
Estarão então cegos, como o cego
que nos responde agora a sua visão
das cores dessa fachada.

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