segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sofreres


Não ao ponto de arrepender-se
Ter nascido.
Não ao ponto de sublevar-se
À dor de ter nascido.
Não ao pico da dor de
Ter nascido...
Assim,
Sem qualquer outro motivo quando
A vida se for, e,
Da vida em si restar a memória
Dessa dor, sorrir...
Que o sorriso, ou ao menos o riso,
Sarcástico ou tísico, forma
A estrutura do que se foi.
Sem outro motivo senão esse riso
Sonhar...
Que o sonho, antes da dor e do prazer,
Pode ser o viver acima do viver
Em dor
De sofreres.







A vela


Que vês entre ondas, pode ser...
Pode ser
A ilusão de partir de si
Sem deixar marcas, além da efêmera
Roda anelada no espelho d’água,
Após a partida da proa
Que segue a vontade desse mar...
Que define-se como despedida,
Esquecimento, outra veleidade
Do pensamento fugaz de
Partir...
Partir antes de enrugar,
Enquanto podes discernir
O que convém não lembrar
Mais.



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