quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Caros amigos = os amigos caros

As mãos passadas premem o corrimão,
Velam por nós, que voejamos...
Plantam-se flores nas gretas das paredes,
Limo nas juntas dos tijolos,
Verdes presentes no tempo.
Do que esquecemos a foto lembra:
As pernas mortas do Rubens, o riso
Sarcástico do Osvaldo, o humor arrítmico
Do Osmar, a ranzinza do Paulinho,
Vivos na fotografia.
As mãos passadas conduzem as nossas, FOTO
Afagam cicatrizes por somenos,
Presentes agora num sentimento vago,
Limo dos ossos vencidos, presentes
Nos verdes tempos idos...
Do que deslembramos a foto lembra:
As pernas lentas do Professor Agenor,
Professor Veloso fora do tempo,
O maneta Carsino desenhando quadrados,
Vivos na não fotografia.
As mãos dos mortos estão presentes,
É preciso lhes pedir licença para
Demolir os muros das saudades,
Semeadas nas heras em flor
Desse intenso passado.
Como a sociedade humana é nuclear, reconhecemos núcleos em cada atividade,
Os que gostam de futebol, os que gostam de poesia, os que não se ligam a nada, os fanáticos por alguma coisa em particular... os que nem gostam de si mesmos. Lembro de amigos de infância e adolescência que não cresceram tanto quanto suas carcaças, agora envelhecidas, como outros que, na adolescência já eram maturos. Deixando de lado as digressões que levaram ao condicionamento de alguns e ao detrimento de outros, colegas de classe e de rua, quero lembrar hoje um amigo em particular pela sua irreverência de “moleque” para a vida toda: o Osmar Rossi, filho do “Seu Bepe” do Nosso Bar. Foco nesta pessoa expandindo a intenção para todas as outras pessoas desse tempo cidade, que comemora mais um ano, rejuvenescida, para inveja sadia de nós humanos, que arcamos com o tempo vencido.
O Osmar era o tipo folgazão, desde sempre armando suas brincadeiras, como quando retirou o corrimão da escada de nossa sala de aula para melar o acesso do Professor Agenor com seu reumatismo, ou como, vinte anos depois, empurrou o carrinho de seu bebê recém nascido sala adentro, vazio, claro, soltando-o em velocidade e matando de susto as visitas, senhoras amigas de sua mãe, que tomavam seu chá das cinco, ou quando implantou uma enorme melancia num pé que tinha frutificado no quintal uma outra, raquítica, e que era o orgulho de seu pai, que, quando viu tal fruto chamou os amigos para colher, e passou vexame...assim foi o nosso amigo, de saudosa memória, todo o tempo que viveu entre nós...poderia discorrer sobre seus feitos para muitas páginas, pretendo com esse pequeno gesto homenagear todos os filhos dessa terra. Arapongas é o berço de todos nós, dos que nasceram aqui e dos que foram adotados por ela.

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