quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Das folhas de couve ao bafômetro


Nos primórdios do automobilismo, com o surgimento dos velozes carros, criou-se a multa por excesso de velocidade, no final do século XIX o limite permitido nas estradas era de 20 km., que passou a 32 km. em inicio do XX. Junto criou-se a arbitrariedade de motoristas violando esses limites e policiais abusando de sua autoridade. Há o caso famoso de uma defesa em tribunal que justificava o pleito com o testemunho do próprio policial, que acompanhara o carro multado, de bicicleta! Com o aparecimento das armadilhas de guardas sobre árvores ou entrincheirados em valetas para surpreender o infrator, foi criada em 1906 a Automobile Association para prevenir motoristas, os patrulheiros da associação tinham a incumbência de localizar os policiais escondidos e sinalizar aos carros suas posições. Cinco anos depois a associação contava com 20 mil sócios. Já naquele tempo a marcação para delimitar a velocidade era feita com dois sinais num trecho pré determinado, (eram colocadas duas folhas de couve), como hoje em alguns trechos de nossas estradas, onde o policial de binóculo cronometra o tempo entre dois pontos, a uma distância razoável.
Cem anos depois, essa situação não mudou tanto quanto a velocidade dos carros e o enxame deles pelas ruas e estradas, a bem mais que os 20 km. por hora. Mesmo com tanta tecnologia e o limite esticado para 110 na média das estradas, a contenda continua entre motoristas e vigilantes, os primeiros comportando-se como pilotos de corrida e os segundos com o fiel da palavra, tentando frear o ritmo das mortes precoces. Há que se cumprimentar o trabalho de vigia desses policiais, que são os primeiros a socorrer os incautos acidentados, a dizer para si: Eu sabia que ia dar nisso...
Paralelamente cresce a arrecadação em multas, às vezes descabidas, mas sempre corretivas, até pelo descalabro, às vezes. Se o leitor prestar atenção nas nossas esquinas da avenida, verá policiais com a caderneta de multa, lançando seguidamente suas flechadas, sem parar o infrator para notificá-lo, ou instruí-lo, que só tomará conhecimento meses depois do ocorrido. Não com a mesma eficiência verá o policial instruir ciclistas que os atropelam sobre calçadas e confrontam carros, indo na contramão das ruas, sem ser multados. No inicio deste ano recebi uma notificação em casa, explicando que em final de 2010 eu passara em frente a igreja matriz com uma pessoa no carro, sem cinto. Eu não dirijo sem cinto de segurança, mas é difícil controlar as pessoas no banco de trás, bem sabe qualquer condutor, e com este vácuo entre o suposto ocorrido e o recebimento da notificação, como me defender?
Há muito tempo os carros saem de fábrica com o medidor até 200 km. por hora! Por que não se delimita até 110? Deus já havia dado ao homem o livre arbítrio, não vingou. Vai dar certo agora, com esses carros à explosão, explodindo? Nas estradas nem visualizamos folhas de couve, que dirá guardas escondidos nos pardais...e o que dizer dessa opção de bêbedo (famoso) se negar a fazer o teste do bafômetro, ganhando tempo de ressaca até colherem seu sangue num posto de saúde, horas depois?
sergio.donadio@yahoo.com sergiodonadio.blogspot.com/

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