quarta-feira, 2 de novembro de 2011

gonorréias

Amigo morto,
Estão a lapidar
Teu corpo.

E da alma quem cuidará agora,
Que não respira mais teus planos?
Quem fará a triagem desses ossos
E das idéias que eviscerastes?
Quem limará tuas unhas
E o poder de unhar alturas?

Amigo morto,
Quem enterrará
Teu corpo?

Quem guiará tua alma, agora solta,
Pelas alturas desse céu limítrofe
Das fugas?
Já não há mais aquelas seqüelas
De acidentes e bebedeiras, ou
A indesejável planura de besteiras...
Já não mais a alvura das coxas
Puras das meninas
Nem a secura das mães delas...

Amigo morto,
Já não pingas as gonorréias.
Quem as cura?

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