domingo, 1 de janeiro de 2012

esvaeceres


Olhas o olhar de sede,
Olhas o olhar de fome...
Mas não entendes
Meu olhar de crítica
Ao teu olhar conforme.

Meus sapatos rotos,
Minhas calças sujas,
Os braços encardidos...
Mas não queres ver
Meu franco sorriso.

A maldade guardada
Entre os bons sentidos
Esvaece nas mágoas
De um tempo ter sido
Motivo de saudade.

Tens o olhar de sede
No olhar de fome...
Mas não entendes
Que a mágoa consome
Teu melhor motivo.




quarentenas


O tempo,
Numerado em cada ser vivo,
É diferente...
O humano o conta pelas paredes
De suas obras,
O boi pela proximidade
Do cheiro do outro
Sangrando.
Não entendo muito o tempo
De um porco,
Mas ele berra ao ser puxado
Para o seu fim.

O matadouro de todos nós,
Acarneirados nesse tempo,
Puxa um a um, do peixe
Prateado ao frango quarentão...
Que são quarenta dias
Para o humano corredor?
Mas todos nos contamos breves
Entre as tardes de nascer
E as manhãs de partir
De novo.




sina


Dos sete bilhões
De pessoas
Um está morrendo
Neste segundo.
Quem o escolhido
Para o próximo
Sacrifício?

Ousamos tomar
As pílulas,
Trocar as veias, os rins,
Os corações,
as mentes até,

Para ceder
Lugar ao próximo...
Mesmo que sadio
Ou prenhe
Ou pagão...
Será degolado antes
De dizer não.

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