terça-feira, 17 de abril de 2012

De manhã as pombas...


De manhã todas as pombas voam...
Passam pelas fendas da torre da igreja,
Levam suas folhas fetiches
Aos longos passeios pelas praças,
São mais urbanas que eu e você.

Passeiam pelas calçadas catando pipocas,
Levitando sobre nossas cabeças
Como se nem estivéssemos aqui,
Não ligam para nossas presenças.
Nós é que admiramos sua pose
De donas da praça.

Copulam, ronronam,
Dão de asas gorjeando
Suas namoradas
Enquanto trabalhamos nossos dinheiros,
Nossa falta de dinheiro...
Nossas falhas,

Elas passeiam, trabalham, voam
Expressas sobre seus bancos de espera,
Dizem-nas ratos do ar,
Não se ofendem, caçam-nas para assar,
Não se ofendem, procriam mais,
Sobrevoam nossas faltas sem faltas
Fatais.
apagadores


Se for para desmontar o dia,
Comecemos pela lua, atrevida, cheia,
Iluminando o que era para estar escuro.
Voltemos ao dia anterior
Com seus problemas de segunda feira.
Voltemos ao domingo e sua feira
De pastéis quentinhos
Na madrugada...

Se for para desmontar comecemos
Com a manhã lustrosa das palmeiras
E suas bentevis namoradeiras
Nas antenas da TV.
Passemos uma borracha sobre o coito
Da madrugada antes de acordar
Os olhos das crianças perguntadeiras.

Se for para desmontar, desmontemos
A fera que se criou em nós
Quando inda éramos carneiros
de peles macias e corações empedrados
Por esse dia sem passados.
Apaguemos de vez nosso antigo pouso.
Partamos para o pior dos mundos,
Ou seja, este em que estamos,
Sem conserto ou gozo.

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