terça-feira, 17 de abril de 2012

A semana

Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi realizada a semana de Arte Moderna, idealizada pelo pintor Di Cavalcante, celebrizada por Oswald e Mario de Andrade na literatura e por Anita Malfatti na pintura, fazia parte das celebrações do centenário de Independência, criticada por Monteiro Lobato e outros, apoiada por Guilherme de Almeida e outros, recriminava a perfeição estética do século XIX, abrindo horizontes para novas idéias em literatura e artes em geral. Manuel Bandeira foi vaiado quando apresentavam seu poema os sapos, depois muito consagrado. Anita Malfatti não foi aceita. Com o quadro o Abaporu Tarsila do Amaral também foi criticada, consagrado depois. Heitor Villa-Lobos na música, Gilberto Freire e tantos outros, mas hoje é unanimidade a projeção da semana para as artes no Brasil. 90 anos depois, soa meio sem sentido rotular a arte modernista. O que seria modernismo? Portinari ou De Chirico? Picasso ou Dali? Da Vinci ou Michelangelo? Parece-me que tudo é arte extemporânea. Drummond ou Cacaso? Nessa seara quero citar: ”Nutre-nos a esperança enganadora, ansiosamente lutamos para alcançar o inatingível, como vivemos um breve dia, filho, não nos iludamos...” este trecho é de um poema do século VII antes de Cristo! “Vou de adeus em adeus atrás de nova ilusão, amores que foram meus agora de quem serão” esta do século XXI.. “Com minha arte firo mortalmente aqueles que me ferem” pensa bem, que modernismo este de Alcmeão, séculos antes de Cristo... Mas, o ranço do século anterior ao nosso, tinha alergia por versos brancos, a arte sem sombras expressivas. Enfim, anos depois os movimentos tropicalismo e bossa nova ainda são herdeiros daquela semana, que mudou o parâmetro dos conceitos e abriu as portas para essas experiências vindouras.
Em 1922, além da comemoração dos 100 anos da Independência, em 7 de setembro, tivemos o levante do exército contra o governo, a eleição de Artur Bernardes para Presidente, lá fora teve a dissolução do império otomano, a formação da união soviética, o falecimento do Papa Bento XV, e, para esmagar, a criação do imposto de renda cá.
Voltando ao assunto: Aos noventa anos da semana, aqueles que deram a cara para bater já se foram, resta a obra que deixaram, os herdeiros que os glorificam, a nova maneira de ver o mundo aceitando a diversidade de versos e tinturas, proliferando a palavra diversa da palavra, assim é que cultuamos a herança, asseguramos a perenidade do proposto. Parece fácil agora que se abriram as portas, mas o modernismo preconizado naquela época levou pedrada, é preciso que se o respeite sempre por isso.

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