Ludo
O mundo, para alguns,
É um brinquedo grande,
Que não se deve quebrar
Sem mais nem menos.
Para outros pode-se
Jogá-lo pelos cantos,
Usado, abusado, deixado
Sem mais nem menos.
Sem mais nem menos
Inundam a imensa bacia,
Afundam nela os navios,
Os torpedos, os fuzis...
Brinquedos menores
Dentro desse imenso rotor
Trazido de algum lugar,
Jogado em algum lugar...
Cumpliciados
O que digo
É o que as paredes dizem
Em seu silêncio...
Aquele retrato, aquela mancha,
Aquela tomada que se reparte...
É o que digo.
Testemunha de tantos atos
A parede silencia
Mas não cumplicia...
Apenas guarda para si
O assistido pavor da espera
Do depois.
O lagarto
As mãos agarram o deserto,
Esse animal pré-histórico
Conhece seu lugar na casta
De seres rastejantes...
Engole moscas e formigas
Sem prontos contra atacantes,
Olha para mim, sem medo,
Penso, com desprezo,
Vendo minha dificuldade
De agarrar esse deserto,
Lambe comer suas formigas
E esquentar ao sol brabo.
Na hora da manhã se sabe,
Depois da gélida noite,
Esse animal se agarra ao que
Eu não posso, e fujo.
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