sexta-feira, 20 de dezembro de 2013



Remembranças


Todos pensamos ser únicos
Na incredulidade das efemérides...
Mas a credulidade acompanha as idades,
Todos acreditamos no papai Noel
Nos primeiros natais de nossas vidas...
O que nossos olhares lamentam depois,
Vendo as criancinhas abraçando-o
Nas vitrines.

 Eu sou o único cético na linguagem
Lamentada de meus olhos circunspectos?
Lamentaria o sorriso das vozes?
Mas não havia o sentimento de tristeza
No riso da alegria de em criança...
Havia a fé no branco avermelhado,
Um instante de esperança,
Nas vitrines.

Um prazer aberto, secretas lágrimas,
Uma promessa de bom ano
Sem malícia ou mágoa, apenas
O momento da alegria inocentada
Pela pouca idade, mesmo que
Desativada depois, na espera
Daquele mesmo sorriso
Das vitrines.







Nenhum olhar futuro lamentaria
Aquele olhar inocente de alegria
Ante a palavra pedida e aceita
Numa linguagem que ambos sabíamos,
Desfeita pela mão do pai
Indo em outra direção, mais laica,
Doutras promessas feitas
Nas vitrines abertas...

Há momentos em que não consigo
Esconder a lágrima furtiva, triste,
Quando a alma se orgulha ainda agora
De sentir a presença desse papai
Que com a idade foi embora
E volta agora nos pensares velhos
A prometer a mesma festa
Das vitrines antigas...

Naquele brilho de tempo cedo
Que anseio por resgatar agora,
Quando apagam-se os tempos idos,
Faz-me rever crenças e acontecidos
E voltar a crer na alegria inocente
Desse velhinho da fantasia
Daquelas vitrines enfeitadas,
Virando gente.

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