Suscetibilidades
Somos suscetíveis
à dor.
Mais ainda somos
Suscetíveis ao
amor.
Cavaleiros da
antiguidade
Duelavam
Por uma declaração
De guerra ou de
amor,
Nunca pela paz.
Espingardeiros se
cansam
De longas
caminhadas
Mas não de mãos
dadas
Com suas promessas
Defasadas
Por uma declaração
De paz e amor,
Talvez guerreada...
“Que o amanhecer
do dia seguinte
Tenha a paz
iniciada dentro
E os mortos sejam
perdoados”
Madureza
A gente sabe que
amadureceu
Quando a vida
começa a doer...
O silêncio começa
a valer...
O amor a se
expandir entre
Os chegados da
vez.
As ausências se
desimportam
Quando na
ortografia torta
A gente se faça
entender...
Mas seria sutil
diferença
O calado da
presença.
Alguns estão aqui
não estando,
Outros se ausentam
ao lado
Como itinerantes
fardos
Ficados para trás
quando
A vida esvaneceu.
A gente sabe que
amadureceu
Se a dor acentua a
raiva
De nada poder
fazer para
Atenuar o desespero
De não mais
sofrer.
Se você entendeu o
paradoxo
É porque
amadureceu, assimilou
As dores a ponto de esquecer
O quanto doíam antes
De não ser.
Epânodo
As mãos cruzadas
Sobre o peito
São as mesmas que
Tricotaram vidas,
Cozinharam
pamonhas,
Apontaram erros...
As mãos agora
inertes,
Sobre o peito
hirto
Não respiram a
mesma
Sensação de força
Daqueles momentos
Decisivos...
As mãos no peito
Morrem com o que
Esvai-se no
esquecido
De tantas obras
feitas
Entre tantas
outras,
Inacabadas.
As mãos cruzadas
Descansam a diária
labuta
De oitenta e
tantos anos
Resvalados nas
cicatrizes
Ainda tão doídas,
Abertas na alma.
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