Sonhado,
É preciso
falar do que não vivemos.
O que vivemos
é explícito no gesto,
Nas rugas, no
manquejar as pernas,
Nas idas e vindas
de risos ousados.
Do que
vivemos bem que sabemos...
Por isso
falemos do não convivido...
Talvez perseguido,
não acontecido...
É preciso
falar do que não vivemos
Das horas
perigosas, nos atos nulos,
Nas festas,
escabrosas empreitadas.
É preciso falar
do que não vivemos
Nos bares da
vida, na vida em bares,
Talvez das
partidas, mas muito mais
Das chegadas...
Vindas às tardes.
É preciso
falar do que não vivemos.
Nas paralelas
noitadas, sem álcool,
Apenas o
discurso nuvioso de padre.
É... preciso
falar do que não vivemos
Que o vivido
está cansado de chorar
E sorrir as
horas doces ou amargas.
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