quarta-feira, 24 de setembro de 2014



Eu tenho medo
(da aprensibilidade elegida)

“Eu tenho medo
Das leis da natureza,
Que perfazem vidas.”
Eu tenho medo
Da verdade escondida.
Eu tenho medo
Da fé ensandecida.
Eu tenho medo
Do ateísmo surdo.
Eu tenho medo
Das fases das vidas.
Eu tenho medo
Da reação dos silenciados.
Eu tenho medo
Do escondido passado.
Eu tenho medo
Da oferta desmedida.
Eu tenho medo
Da fossa encardida
Na mente deteriorada,
Da promessa urdida
Na mentira deslavada.




Eu tenho medo
Da procissão dos ossos
Frente à assumida
Sumidade de mentir,
Vertida em verdade
Tantas vezes dita.
Eu tenho medo
Da inserida paz imerecida
Na palavra...
Sim, tenho medo da palavra,
Em sua força aturdida,
Pois aí não teremos nada
Conseguido sob o medo,
Ou apesar de...
Do nada feito muito
Eu tenho medo
desse mundo
Ilhado pelas palavras
Que trafegam fatos,
Boatos dos acontecidos...
É... Eu tenho medo
Da face oculta do larápio.




Eu tenho medo
Dos apenados soltos,
Afanados mortos,
Liberados tortos.
Eu tenho medo
Do que se diz honesto
Quando se diz mágico...
Eu tenho medo
Dessa mágica que faz
O sobrevivo de otário,
Na infinda promessa
De melhora ao fraco,
Que entende vero
O que seja plágio!
Eu tenho medo
Do futuro enganado
Na visão lustrada
De um espelho opaco.
Eu tenho medos...
E por que não teria,
Da inconsciência
Do prometido pronto,
O inacabado.



Eu tenho medo
Do amanhã ensolarado,
Em chuva,
Como fora névoa
A fumaça incendiada.
Eu tenho medo
Da não palavra,
 A que diz tudo
Sem dizer nada,
E, desse nada
Tira lágrimas...
 Eu tenho medo,
Eu tenho medos...
Eu tenho medos...
Como tenho medos...
Da visão dos homens
E seus segredos lassos.

Sergiodonadio.blogspot.com

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