domingo, 2 de novembro de 2014



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Minha mãe querida, tanta saudade...
Momentos idos... Memórias frágeis.
Minha mãe querida, a mãe imagem,
A mãe exemplo, mesmo que tarde...

Teu coração, agora apagado, a alma
Desalojada, tua fé desempenhada,
Teu alento a alentar amarguras...
Que passamento de vida é ternura.

Em nosso findo desalento guardo
No peito alvura de pedir que cosa,
Não a roupa tão rota, mas a alma

De nós, desaprendidos de orar.
Há de cumprir-se o carma
Proferido por tua doce alma.











À natimorta Gabriele
Minha neta.

Esta súplica é por ti, menininha,
Tem a sua feição, me parece,
Que não pode dizer a que vinha,
Na afeição que terias, se viesse.

Este dia é para ti, menininha,
Que, sem tempo, um nome dissesse.
Nos longes, assim, não comezinha,
Tua alma lesta se expresse.

Não há claro ou escuro que afete
Sua forma de anjo, vibrante,
Do oráculo, do feto, essa messe.

Esta minha oração, essa prece,
Não é por teres ido tão antes,
Mas, porque vieste.


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