quinta-feira, 27 de novembro de 2014



A teoria do nada
Homenagem a Drumonnd

Carlos
E agora, Carlos,
A festa não acaba,
A margem continua
Além da margem,
O cio do tempo
Fabricando rebentos,
A ideia fértil,
Que é básica?
E agora, Carlos?

Carlos, e agora?
Está com mulher,
Com discurso e carinho,
Não bebe nem fuma
Mas tem o cachimbo
Que cospe dos lados
O ranço do fumo
Passado no tempo...
Você, que tem nome,
Não zomba, faz versos,
Não protesta, calas?!





E agora, Carlos,
Que o riso já foi
Com tudo mofando
E que nada acaba
Não foge, grita
A fé extirpada!
E agora, Carlos,
Que fazer desse nada,
Se nada findou?

Carlos, e agora?
Sua palavra amarga,
Com febre e gula
Curtindo o jejum,
Sua lavra sem ouro,
Seu vidro em terno
Na incoerência
De amado sem ódio
sem chave na porta,
Sem porta... Sem nada...
Nesta finda estrada?!





“Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, Carlos!”


Sozinho no escuro
Por só teoria,
Na prática a vida
De paredes nuas
Para não se encostar...
cansado dessa lida
de brita fugaz,
você marcha, Carlos!
Carlos, para onde?


sergiodonadio.blogspot.com

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