domingo, 30 de novembro de 2014



                  Almejos
Não almejo ver Deus, pois
Que abstrato, de meu olhar
Ignaro das porções ambíguas,
Concreto tato.

Mas almejo senti-lo
No êxtase do enfermo,
No que mais se aproxima
Dele, no momento aflito,

No calor da terra que piso,
Quando se mostra mais amigo.
Não o temo no ato contrito,
Mas o respeito de fato nisso.

Não almejo Deus no paraíso,
Mas no torrão ressequido
De corações partidos, perdidos
Entre o podre e o probo;

No estio das criancinhas,
No desespero da mãe,
No desconsolo do pai,
Aí peço à mão em que creio,

Que, forte, levanta-me fraco.
Que faz o cabisbaixo arrepanhar
Os olhos para aflições outras,
E põe a todos no mesmo colo.

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