segunda-feira, 29 de dezembro de 2014



Desfazimentos


A morte convive-nos desde nascidos
E vai se acentuando morador contiguo,
Comigo, contigo, a dor do vivido.
A morte é a vida, faz parte disso
De sobrepor-se ao indivíduo
Num emblemático sentido...
Tu vais sentindo sua presença
Nas articulações que promove
Entre fases, vividas ou não vividas...

O fazer fácil o fazer difícil a caminhar,
Antes aos pulos, depois arrastados
Pés preguiços, mãos encalacras,
 Repiro tenso, voz de embargo
Desacompanhando pensamentos.
Move-se lenta, vai-se ajuntando
Momento a momento, gesto a gesto,
Dor a dor, como um incenso,

Na vela é luz, entendimento
Arrazoado de razoes tensas,
Frenética presença, lerda ausência,
Dos simples gestos à ingerência
Das formas cedidas à atinência
De ser, não ser, experimentar-se,
Desistir-se.

A morte é isso? O viver de fases,
Do nascedouro à velhice...
Ou morredouro, ou desencarne,
Passamento, última viagem...
Para cada que parte
Um desfazimento.
Pode seja de repente,
diuturnamente,
Fanfarrona ou em silêncio...

Sinais não faltam a afetar gentes
Das oxidações às palpitações,
Dentes frouxos, pernas frouxas,
Mente afrouxando desentendências
De como fazer parte das vidas
Tais insolvências...
Tais malefícios, desistências,
Brotam feridas, brotam mesmices
Numa sequência de defazências,
Como fora sempre tarde
A manhã de não acordar-se,
Plena de sol, vida ao redor
De trabalhos por serem feitos,
De escolas por serem cursadas,
Vidas a serem vividas a cada um
Ali prostrado endente
Ao sentimento de perda,
Cedo ou tarde.






Longe de princípios alheios
                                   Do livro contextos
O que coexiste com princípios alheios?
Se me sei forte e me vêm fraco, ou,
Quando fraco me fazem forte,
Como explicar tal erro?
Como dizer o contrário do contrário
Se nem me sei vário?
Como mostrar o absurdo de viver
Cada minuto e não antever o resto,
Se o resto é tudo?
Como seria gerir o passado
Antes de ser futuro?
Como seria ser avô não sendo neto?
Eu sou, pois não conheci meu avô.
Como conviver com esse outro,
Em quem não me reconheço,
Que vive de desistências enquanto
Vivo de insistências?
Esta hipótese vem provar
Que posso conviver comigo,
Amigo ou inimigo, parceiros,
Longe de princípios alheios.

Sergiodonadio.blogspot.com





Constelação de Andrômeda


Enquanto giramos em torno
De um sol de quinta grandeza
As grandezas se acumulam
Em sóis e suas órbitas...
Depois de nós há um mundo
Girando infortúnios de mundos.
Descobre-se pouco a pouco
O quão pequenos somos...
Andrômeda uma promessa?
Mitologia da eterna Grécia?
Galáxia ou banda sueca?
Do personagem do Harry Porter
À série de TV, do Zodíaco?
Do teatro de Sófocles?
Constelação do hemisfério
Celestial norte... De que prisma?
Talvez a cisma seja esta:
Andrômeda é uma festa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário