domingo, 21 de dezembro de 2014

Um homem é um só verme
Do livro iluminuras 1964

Um homem é um só homem,
Mas tem tentáculos para todos os prismas,
Sacode as esferas da política e
Da moralidade das recadeiras diuturnas,
Invade as possibilidades de reagir
E foge sempre quando a nuvem escurece
Em sua visão falsa de lisura.

Assim boicota a lei que o enlaça
E pode fugir à condenação, dos crimes
E das falcatruas apagadas em derrotas.
Ah... Mas o homem que é um só homem
Multiplica-se em tentáculos
Sobre tantos quantos precise
Para sua legislatura.
Qual ser é este que extravasa
As formas normais da ética e ainda
Respira honestidade nas reuniões infindas
Das solícitas ordens da cidade,
Como que faz o que faria seu aparte
Nas sessões da pira que inda arde
Nas tais reuniões legislativas?
Mas o homem que é só um verme
Estende suas abrangências para
Todas as ruas dessa cidade fantasma,
Ou fantoche de suas farsas.
Seremos ainda tais marionetes,
Guiados pelas cordas desses párias,
Ou levantaremos quando ele desce?
Mas fomos nós, companheiros,
Que criamos esse dízimo de poderes
E deixamos que sentasse à mesa
E impusesse a farsa das miragens
A tantas dessas cabeças, e somos
Nós que o faremos alcaide
De nossas melindres alçadas.
E somos nós os culpados dessa farsa,
Quando não olhamos com verdade
As mentiras que nos contamos...
Sim, somos nós mesmos inventores
Dessas alcunhas que nos alcunhamos
Como céleres bastardos precursores
De nossas câmaras viciadas em danos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário