segunda-feira, 19 de janeiro de 2015



Sesmos
Do livro Cotidianos

Presumindo que,
Apesar dos pesares,
Os passarinhos cantam
Seus encantos...

Presumindo que
O canto não seja apenas
Para agradar-nos,
Seus ouvintes...

Presumindo que
As vidas se dispõem
A ceder à vida sua espera
Merecer o que não era...

Presumindo que
 O poeta canta virtudes,
Não sendo suas, de outrem,
Apenas silvos de paz...







A paisagem mostra que
Somos desiguais igualando-nos
Aos senhores dessa paz,
Não presumida ser...

Pelo acalanto que nos traz
A presença de cada voz
Delineada sob chuva
Ou ao nascer do sol...

Presumindo que
Tomamo-nos de orgulho
Por fazer parte de ser
O mundo colorido

De vozes, silvos, ruídos,
Deixados transparecer que
Estavam antes de nós
E continuarão depois...







Há de se respeitar isso,
De a vida ser desavisos
Dum tempo memorizado
Nas esferas cíclicas

E entender cada espera,
Cada sinfonia de folhas
Bailando suas primaveras
Embora ceifadas agora...

Renascidas antes do fogo
Voltar a brilhar aceiros
Deixados ser renovados
Ao canto desses matos,

Presumindo que,
Apesar dos pesares,
Os passarinhos cantem
Seus encantos.

Sergiodonadio.blogspot.com

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