quarta-feira, 28 de janeiro de 2015



Escriva
Do livro enclaves

É preciso por no papel
Minha memória,
As coisas vão me esquecendo,
As cenas em frente aos olhos,
As que ouço, as que vivi...
Revivento as tolerâncias do tempo,
Esquecendo de mim em planos
Imemoráveis...
Da meninice, que está indo embora.
É bom essa memória escrita
Que não deixa perder objetos
De viver-me.











Vida afora...


As pessoas se perdem
Vida afora...
Voam, rastejam, correm,
Ou simplesmente evaporam.
Essas pessoas têm historias
Ligadas à minha...
(meu avo, morto por uma tora)
As pessoas mortas por ideias,
Quando não por derrotas,
Uma junção de imemórias
Do tempo vencido,
Jogado fora.











Penar


Posso contar do vivido
Que valeu a pena...
Vale a pena penar
As consequências
Por te valido estar
Entre as querências,
Por ter viajado por mares
E ideias e sonhos
E desavenças,
Como a machucadura
Que cicatriza a experiência.













lápis


Como o desenho
Feito por uma criança
A vida
É o rascunho do sonho
Mesmo que não se iguale.
Seus planos, metas,
Nas cores desses desenhos
Não se copiam depois
Com a maturidade.
O cinza é o quadro final
Que sobrou da ponta
Do lápis.










trastes


Dou-me bem com a fidelidade
Das coisas,
E esporadicamente
Das pessoas.
Gosto que elas estejam aqui,
À mão
Quando me apego e não quero
Esquecer
Nem das cores nem dos formatos
Das coisas,
Nem do riso nem do chora
Das pessoas.
Assim somos,
Mas mudam tudo por hora, e,
Se mudam...
Outros, como eu, criam raízes
Nos sofás, cadeiras e mesas e camas,
Por isso preferimos reformar
Quando cedem,
Coisas e pessoas, guardados velhos
Imprestáveis talvez...
Como nós mesmos.

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