sábado, 11 de abril de 2015



Cavidades


Dizem que
Nem tudo é perfeito.
Com o passar do tempo
Descobre-se que
Quase tudo é imperfeito.

Esta a diferença que
Nos presenteia a idade
De encontro ao fato
Cada vez mais claro
Aos olhos vividos

 Expõe-nos
À cavidade das dúvidas
De viver cada um deles.
Uma vez vencido o medo
Do mal.






No controle
Do livro anatomia das Coisas
A disposição na WWW.Amazon.com

Vencer o medo, aprendi,
É uma ilusão de ótica.
Eu tive medo do escuro,
De acordar mijado...
Meus medos
 foram crescendo comigo
Para o medo das ruas escuras
Das viagens escuras,
Das mentes escuras...
O escuro amedronta sempre,
Mudando o motivo e o porquê.
Aprendi a não tentar vencê-lo,
Trabalho o medo como o amor, trabalhando meus conceitos,
Minhas dores, minhas lágrimas...
O medo de crescer fez-me adulto.
O medo de gerar fez-me pai,
O medo de findar faz-me
Cuidadoso com o que ingiro
De frutas a palavras,
 Azedas.

Inversões


Posso ver o soldado
E sua espada...
Posso vê-lo combater
Em armadura...
Mas não posso imagina-lo
Acionando a guerra
Em um botão
À distância segura.






A verdade está
Nos olhos da criança
Porque ela vê o mundo
Com esperança.





Minhas colinas


As flores crescem
Em colinas que são minhas,
Não que as tenha adquirido
E escriturado em cartório.
São minhas porque
As observo há anos e entendo
suas primaveras e
Seus invernos secos...
São minhas porque
Enquanto outros passam,
Desapercebidos delas,
Eu fico... A ver como crescem
Mesmo na seca dos invernos,
Como florescem,
Mesmo ceifadas antes...
São minhas porque
As respeito, como elas a mim.
Desse jeito convivemos,
E são minhas.




A pousada


Tem uma sopa de ervilhas,
Eu não gosto de sopas,
Tem pastéis no café da manhã,
Umas letrinhas miúdas
Nas xícaras seculares...
Uma cotovia, ou sei lá o que,
Cantando pra você
Em frente à janela...
Tem uma hora tranquila
De só ouvir a água
Descendo a cachoeira...
Que mais querer da pousada,
Tirando a sopa de ervilha?
O prazer de retornar
Mais vezes ao paraíso
Feito pelo homem
Em seu primeiro juízo.






Presentemente


Hoje confidenciamos
Alguns segredos bobos...
Antes levados a sério
Eram graves preceitos...
Hoje desviamos
A conversa amena
Para um sentido de
Politicagem miúda...

Talvez depois queiramos
Dissolver as ideias
De um ideal momesco.
Mas para hoje
É o que temos, um olhar
Num passado canhestro
E a espera a absorver
O que resta de bom.

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