domingo, 26 de abril de 2015



Lembranças


Encontro
No fundo de um baú
Imaginário
Um par de botas gasto
Ainda feito com pregos
E couro cru...
Uma lixa de solas de pés
Curtidos
No solo áspero das matas,
Junto
Minha memória gasta
Das passagens desse tempo
De sargaços
E uma leve torcedura
Que não passa...











Apontamentos



Não está em nosso poder
Amar ou desamar...
A vontade em nós é anulada
Pelo destino? 
Nos basta ver censurados,
Pelo nosso prisma,
O olhar contido da massa
A delinear o que fazer
Das sobras,
Dadas por perdidas
Em alguma área acessível,
Embaixo das camas
Ou das ações reeditadas.
Quando retiradas as razões
Antes do curso se firmar
Somos afetados pelas opiniões,
Ouro falso,
Nos basta o que vemos feito
Para frear o fazer novo...
Assim desocupamos a mente
De pensar e repensar
Segredos e inventos.





O amor é leve


O amor é leve: 
Quem nunca amou,
Que não amou
À primeira vista? 
A visão do amor
Faz belo o feio,
Simpático
O cismático,
Mas impõe-se
Ao siso e desfaz-se
Ao mais leve
Vento contra
Na parição
Dos fatos.












A maturidade
Do livro Pinturas  Edit. Amazon.com

À maturidade,
Não da experiência pretensa,
Mas da dimensão do irrealizado:
Diz o quanto vivemos sonhos...
O quanto sonhamos o vivido...
O quanto mentimos o vívido
Atraso em nossos passos,
Não o sonhado,
Os realmente dados!
Apanhamos feio do pretendido
Uma vez não alcançado,
Mas ganhamos do tempo...
Porque o tempo não tem passado.
A saudade é uma ilusão do vivido...
A maturidade o sonhado ter tido.
A realidade é esta despretensa lida
De doer menos a dor vencida
Quanto mais dói a ilusão perdida
De ter sido moço
E ter jogado fora cada subida
Desse fundo poço,
Que, por agora, apaga o viço
Desmedido.






Suores frios



Procuro-me nas noções
Desse mundo destempero,
Numa terra explodindo vulcões,
Sobre a lava deles me vejo
Acenando adeuses conformados
Para todos que se vão,
O menino e seu sorriso,
O velho e sua dor,
Os pais com seu juízo sofredor.

Procuro-me nas mínimas
Ações dessas formigas
Na procissão dos ossos desvalidos,
Na paz do pássaro em sua ida,
Na chuva que desce agulhas
Sobre os paiós vazios...
Entrementes me encontro
No pássaro que pousa
Para sua despedida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário