domingo, 5 de abril de 2015

Olvido


Não podemos esquecer
A suavidade dos sons da montanha,
Água descendo aos vales,
Folhas erguendo pontas e
Uma imensa variedade de cores
E sons ruídos,
Talvez das dores, mas seguramente
Decisivos para essa paz
Do silêncio
Das folhas outonais
E das penas voejantes
Dos ninhos novos...

Não podemos esquecer
Os pedidos das crianças crescentes,
Hoje homens e mulheres,
Naqueles tempos duros
De procurar as guanxumas
E visitar os plantios
De laranjas roubadas...
Não podemos esquecer
As manias de tagarelar das comadres
Nos tanques e nos fornos...
Ah, os fornos e o pão quentinho,
Meio da tarde, inesquecível.



Não, não podemos esquecer
Um tempo de suavidade como
Não há mais nesse tempo hoje,
De gritos vindos dos carros
Passantes sem estilo...
Só ruídos.
Talvez as dores tenham arrefecido
Mas os gritos aumentam
Decibéis
Em nossos ouvidos
Surdos e zumbidores
De notas falsas.

Não devemos esquecer
Esses passados pesados nas liteiras
De um tempo audaz,
Das forças da palavra sobre
A espada embanhiada.
Mas a misericórdia dos tempos
Faz-nos esquecidos de lembrar
Os juízos de tantas
Manietadas dos compadres tagarelas
Sobre os desacontecidos da guerra
Que findou há tempos
E nem se lembram mais...

sergiodonadio.blogspot.com

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