sexta-feira, 15 de maio de 2015



Penalização


Vale a pena penar a pena?!
Vale a pena dizer
O que não será ouvido
E ouvir o que nem foi dito?
Vale a pena a confissão,
Se a pena é a penalização?
Vale a pena penar a pena
Se apenas tu saberás
O que penaste por isso?
Como dizia Pessoa:
“tudo vale a pena
Se a alma não é pequena”
Mas já não há grandes almas
A concluir-se pela calma
Com que se pena a culpa,
Ou conivência...
A inocência é grave delito
Quando se pena pelo não dito.
Por isso vale a pena
Calar o bico.
Corrija se estou errado,
Mas estar certo
Inda pode ser pecado.


Viandando


Estamos caminhando no
passado,
Lá as coisas são mais coloridas,
Leves,
A tarde chega devagar...
A manhã foi de aula
Naquela escola desembrulhada
De aprender...
Estamos caminhando para o hoje,
A sensação de perda
Me ataca,
Somos crescidos agora,
Somos responsáveis
Pelas nossas erradas...
Somos piores que ontem,
Pois somos maiores que ontem
E ao mesmo tempo menores que ontem.
Sacrificamos nossas bondades
Para vencer nessa vida
herdada.





Termais


Eu não estou aqui.
Ouçam: não estou aqui!
Pois viajei meus pensamentos
Para um lugar que não conheci
Antes.
Passeio pelos campos,
Há pessoas gemendo em volta,
Há cadeiras de rodas e uma maca
Esperando...
Há um bar no meio da piscina
Com ofertas de coquetéis coloridos
E bolinhos de queijo...
Há um grande elenco de serviçais
Com seus sorrisos profissionais
Ofertando-se...
Não estou aqui porque aqui
Doem-me as costas...
Canso de esperar...
Lá estou bem servido
É lá que quero ficar, envelhecer
Ou envilecer
E partir.



A lista
Dedico a B.B.King

Há uma lista das coisas perdidas... 
coisas que perdi
Perambulando pelas idades
De lá até aqui.
Sentimentos misturados
A sangramentos,
Objetos... Mesmo os abjetos,
Coisas, por assim dizer,
Mesmo as imateriais,
Por assim as querer coisas
Medievais para não ter sentido
Nessa época virtual,
Mas
Que me fazem falta ainda...
Coisas deixadas ficar nos quintais,
Nos varais, nas mexiriqueiras...
Coisas ou atos ou ações... Sei lá,
Que ficaram arrastadas pelo tempo,
Mas que continuam no pensamento
Dos proveitos e proventos
Deixados na saudade...

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