quinta-feira, 21 de maio de 2015



Do livro 14 versos  500 sonetos


Pelos caminhos do sábado


Se vai à feira de roubados,
Se vai às coxas das meninas,
Se sabe que a semana foi-se
Pelos últimos carregadores

Um burburinho de festas
De lixos e de mochilas,
De cheiros de manga doce e
O amargo das bebidas.

Pelos caminhos do sábado
Se proclamam as aleluias
Na preparação do domingo

Pelos pecados do sábado
As igrejas se locupletam
Já que o sábado é findo.












Altares


A lua cheia açula
A cadela no cio,
Um vaso podrido
Recende à flor...

O velho esculpidor
De altares volta,
Por um momento
A vida se refaz.

Na escureza da noite
O cão que marcava
Posses, enamora-se

Há nova floração no
Altar desconstruído
Pela fereza humana.












A fino traço


Desenho sob a peia
Uma serena planura,
Com até flores nareia
Onde plantara secura.

Das ondas realinho
A expressão futura
No telhado amarelinho
Donde a lenha esfuma,

Assim é que a fino traço
Vejo surgir passo a passo
As cores sem amargura

Pintor de fina pintura
Envereda na fartura
O que antes fora escasso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário