domingo, 24 de maio de 2015





Sacolejos


No sacolejo
Dessa história
Os motivos das derrotas:
Ruídos de bombas,
Intermináveis...
Assustadoras...
O chão tremido, a voz tremida,
O choro...
Bombas... Bombas...
E o fim trágico
De cada civil, feito
Em pedaços.













O pássaro da aurora


O pássaro da aurora,
Não o galo,
O que não canta...
Apenas encanta
Mirando distâncias...
Dono de sua área de visão.
Pássaro apenas,
Penas e traços,
Não o capitão da fragata,
Fragata, com suas garras
E seu olhar de prata
Sobre as naves passageiras,
Sobre as pedras, sobre as ondas
Deste mar que põe medo
Ao navegador,
Mas não espanta a ave.
O pássaro da aurora,
Para aonde irá o vento
Que te torce as asas?






Trabalho duplo


As moscas assentam sobre o prato,
A fome os mantém acordados
Nessa vigília forçada
Aos perambulantes da noite...
Os gestos oferecem o pão, o vinho,
A mão que se estende mostra
O canto escuro da sala
Onde meninas bordam filigranas
Em seus enxovais...
Uma baciada de pipoca é servida
Mesmo aos que já jantaram,
Seria deseducado não querer, mas
A pipoca rasga minhas gengivas
E sofrerei a noite toda
Esse sangramento do bem educado
Passageiro.
São vinte e uma horas,
Os pais se recolhem e nos despedem...
As meninas saem agora de seu canto
E, festivas, vão porta afora...
Perguntadas para onde,
Respondem -Vamo trabaiá de putas.
Com sua sinceridade ingênua de caboclas.

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