domingo, 3 de maio de 2015



Enfim


Acordo...
Passou o dia, o mês, os anos...
Deixei de fazer a falta de tempo
Deixar-me fazer
O que quereria fosse saudade
Uma vez vivido.
Acordo, adormeci ontem
Sem esperar a esperança
Que viveu comigo,
Rodeando meus afazeres
Pelos tempos vividos...
Acordo?
Mas o tempo dormiu-me
Tanto
Que não sei que dia é hoje,
Se ontem ou amanhã...
Se janeiro ou março...
Se o ano passou desperto
De mim...







Coia



Sonhava
Quando era doença sonhar
Nos dias volvos... Verdes...
Via a lua emplacar os sonhos,
As estrelas caírem
No meu quintal...
As nuvens mandando recados
Com suas formas de bichos
Ou de coias banais...
Poesia é isso, agora sei,
Agora me sei poeta
Mesmo que não percebam
Ao redor.





Tateantes


Perdidos de nós
Somamos horas vazias
Com tal desalegria que
Viver
É um transtorno a mais
No dia desvivido...
Perdidos tateamos
Momentos e mementos
Confundindo horas
Com minutos... Dias...
E resolutos
Partimos para ontens
Esperando encontrar
Outra esperança
Que escapou à ordem
Da linha de produção
De sonhos menores,
Deixados passar
Por ínfimos.






Relógio quebrado


Gosto
Deste relógio na parede
Marcando sempre 1.10 horas
Porque,
Segundo ele a vida não passa,
Para nos ossos, com o defunto
Depois de as larvas comerem
Seu fígado, suas entranhas...
Ficam os ossos.
Os ossos são inconsumíveis...
Assim o tempo neste relógio,
O tempo quebrado em partes
Dilaceradas, deixado apodrecer
Até os ossos...
Parte por parte
Às 1.10.









Smarthphone


As cenas do agora me assustam.
As pessoas retinham a alegrias,
Hoje fases.
As pessoas se reconheciam pessoas,
Hoje números.
As pessoas sentiam-se livres,
Hoje armadas.

Contra pessoas!

Sou do tempo em que o medo
Vinha dos gatos do mato.
Hoje da cidade.
Que a ofensa era coisa grave,
Hoje dispersa.
As cenas de velórios eram tristes,
Hoje festam!

O som, das violas, vitrolas,
Hoje smarths...
Quem dera
Pudesse renascer agora
Nascido para entender
O que se passa...
Raça.




Acasos


O que segura à luz
Nos seus olhos?
Permanência da vontade,
Chamada fé?
Virulência da vaidade
Pensada má...
Anjos caídos se socorrem
Frente ao indisposto fato,
Cordas apertam o peito,
Gestos propõem a morte...
O que segura luz
Nesses olhos lacrimados
Pode ser saudade
Ou o medo de voltar
A ser-se... Sorte.



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