segunda-feira, 15 de junho de 2015



Assentamentos


Assentados nas mortes por suicídio
Circunspectamente avaliam as posses,
De gênero indefinido as moças,
Ambas genericamente toscas,
Todos devidamente acorrentados
A essa força de enfrentar
Homofóbicos olhares.
Ninguém questiona sua força,
Seu abrasivo perguntar das coisas...
Os pontos de vista convergentes
É que valem...
Alguém questiona a capacidade
De criar boas feras de orfanatos?
Mas não se sabe quanto pode piorar
Se o lar for de pares ímpares,
De faces rosadas ou queimadas de sol,
De mãos calejadas ou mentes...
Quem sabe o que virá
Dessa semente?






Meu berço


Cidade de pouca idade,
Nascidos eu e ela puros...
Nos vemos alucinados
Nessas orgias de agora,
Ela com seus estalos,
Eu com minha memória...
Campo verde alumiado
Poeira roxa encantada
Definindo pés vermelhos
À gente aqui vivida...
Vivemos hoje assustados!
Agora mesmo escuto
Tiros pela rua apagada,
Carros com som errado
Fazem do silêncio nada...
Meu berço, envelhecemos,
Eu e tu acabrunhados
De não saber acompanhar
Esses passos desviados
Da própria necessidade.
A valia do supérfluo faz
De nós dois sobrados.

Musical

Dá pra sentir prazer
De ouvido?
-Duvido!




O irracional
Vive o tempo natural,
O racional é que
Se mata antes...

O náufrago


Se agarra
À última boia...
Pra viver morrer
Na praia...





A sorte já vem feita.
Quem dera
Alcançar o sonho
Que se espera...


Sem jeito

Julgo que tudo, ou quase,
Nasce feito,
Perfeito ou imperfeito,
Não se muda...
A curva não endireita,
A reta não se curva.
O feio continua feio,
O nervoso, o calmo,
O morto pelo cansaço
Do nascido com ele.
A moça com cara de anjo,
O anjo sem cara de anjo...
O perfeito imperfeito
Feito assim desse jeito
Não tem jeito

Dois morros


Circundam a mesa
À distância,
Espiam cá para dentro
A esperança...


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