quarta-feira, 3 de junho de 2015



Expectativas

poemas





Expectativas


Quantas vezes a festa
É a continuação da missa?
Os enfeites comestíveis
E a comida intragável...
A companhia...  Distante,
E o ausente lembrado...
É o suplício do momento
Num calor insuportável

Quantas vezes a festa
É um chá quente esfriado...
A bebida gelo quente...
O arroz comboiado frio...
As pernas cansadas
De esperar em filas
Para servir-se
Das sobras...

Mas a festa é espera...
Se não do inicio,
Do começo do fim.



                                                       Atordoados

Crianças crescendo sob a luz
Dos monitores
Tendem a desconhecer valores
Do sol na manhã, da lua na noite,
Do vai e vem das gangorras...

Pena, poderiam viver melhor
Suas infâncias desinformadas
De como brotam as jabuticabas,
Do gosto das mexericas no pé,
Do vai e vem das gangorras...

Até dos sapos no brejo...
Do brejo as adjacências,
As taboas, as gramas molhadas,
A sensação de liberdade,
Do vai e vem das gangorras...

Perdida nessa perdição
De computar tudo,
Desde a manhã de sol
À noite de lua cheia...
No vai e vem das gangorras.




Medidores


Aqui estamos...
Olhando o medidor
Do hidrômetro
Penso no consumo...
Da luz? Da água?
Não...

Estou preocupado
Com o consumo do tempo
Que fico sentado, pensando
Nos longes das viagens
Que deixei de fazer...
Quero sair outra vez,
Quero rever meus anos fúteis,
Quero refazer meus caminhos...

Mas é tarde agora
Quando o sol se põe outra vez
E o homem do hidrômetro
Já se foi
Sem ao menos ver que estou aqui,
Medindo suas medições.





Sinceramente


Não tenho a força
Para suportar as dores
Do mundo...
Preocupo-me com minhas dores
Do corpo e da alma...
Já é bastante embaraçoso
Gemer por elas
Que me agridem e esfolam
E apavoram... Mas
São as que tenho
De suportar.
Portanto, do portão
Para fora
Não me preocupa mais.
Consola-me saber que
Também não se importam
Os outros
Com o que me dói...

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