sexta-feira, 10 de julho de 2015



Doze badaladas


Esta é a hora
De sentar e pensar:
De pouco em pouco
A ilusão se apaga...
De gesto em gesto
Afaga-se a mágoa
De querer vida
Onde já não haja...

Querer da vida
Apagar as mágoas...
Querer do tempo
Que se ilharga...
Da fonte límpida
O som da água
Que escorre e vem
Saturar feridas...

Esta é a hora
Das despedidas.





Jornais anunciam tua morte.


Mas eu sei que vives,
Sei que inda voltas.
Quando somamos
Nossas horas
Coloridas
A história muda
Para se tornar verdade...
Porque há música ainda
Onde pedes silêncio...
Mas silencio se assim o queres
De verdade,
Que as horas são coloridas
Pela esperança
E pela saudade.











Cirandinha


Quando transbordam
Os córregos no céu
Eu visto os sonhos infantis
De novo...
Quando os vejo coloridos, crianças,
Sei-me menino
Pintando as cores das nuvens
E das folhas...
Sob a água desses córregos
Me molho
Ouvindo o correr delas pelo corpo
Inda secado antes.
Quando brinco de correr as sobras
Os vejo livres
Como as nuvens, os córregos,
As águas que partiram
Adiante...
E as flores pintadas hoje
São as mesmas, pintadas
Antes.








Todas as folhas em branco
Guardam o escrito que há de vir
Devido ao eterno espanto...









Reencontro



-Alô. Pode voltar, te perdoo.
-Ah, sei...  Sei... Sei...
-Então, me perdoa, por favor?






A carta


Diz das tristezas de partir,
De não chegar...
De diluir-se em lágrimas,
Em riso,
E, pior, do sarcasmo de ir
Sem ter-se ido...







O tempo tem
Um sinistro lugar
Onde todos vão passar...












De algum lugar distante
Ouço vozes...
Reclamam do clima,
Frio?
Reclamam da frieza
Das pessoas,
Das ruas vazias
De ruas cheias...
Do silêncio às reclamações...
De algum lugar ainda
Há tempo hábil para voltar
Ao sol, aos risos,
À atenção aos prejuízos.












Moda


Teve a febre das vitrolas,
Das coleções de flâmulas,
Da ostentação de penteados
Tipo Elvis...
Da profusão de Elvis
Pelas praças...
Agora a febre é dos
Smartphones,
Dos whatsapps...
Tão criticados, como fosse
Diferente do tempo
Das lantejoulas,
Das ligas coloridas...
Das abotoaduras
Tudo tem seu tempo,
Que não dura.

Sergiodonadio.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário