terça-feira, 14 de julho de 2015






À sombra das meias horas



Estamos sobre taboas podres,
Uns a meio caminho do nada,
Outros despercebidos ainda...
Mas todos sobre a mesma taboa
Apodrecida de más intenções...
A colheita não é suficiente
Para a fome de carências...
Uns estagnados em terra,
Outros viajando sem destino,
Alguns sem morada em desatino
À sombra dessas horas contadas
São meias verdades lacradas
Entregues aos moribundos,
Esses que já se vêm mortos
São os mais infelizes.
São meias horas esperadas
Nesse latifúndio.






Enquanto eu dormia


Enquanto eu dormia
Passou-se a ocasião preciosa
De invenções e manipulações,
Cada coisa em seu lugar
E tempo...

Enquanto eu dormia
A cidade virou metrópole,
Sangrando e costurando
Obras no subsolo e
Nas pessoas...

Enquanto eu dormia
Tu dormias... E, de pronto
Desaprendemos a esperar
A esperança de reviver
Dia após dia.

Enquanto eu dormia
A poesia pôs-se a trabalhar
Nossas mentes distraídas
Esquecidas de aprender...
A vida...



Mala


Não tenho a mala pronta
Mas a alma para viajar...
Quero conhecer os mares,
Outras pessoas,
Outras cachoeiras...
Quero me ater às forças
Veladas de cada parede...
Pensando bem, acho que
Tenho a mala pronta
Para viajar os sonhos
De procurar tesouros
Onde possa a vida aportar.















Poesia,
Estou te produzindo
Aos borbotões...
Eu digo: faze.
Não me digas não.
Pelo caminho
Vou catando letras,
Formando frases
Em alguma direção,
Umas se guiam bem
Pela essa trilha,
Outras, bêbedas,
Se desguiam...
Algumas nunca
Servirão.













Só eu mesmo sei como sou...
Sou sempre a fim de sair de mim
Para conhecer-me melhor.
Estou divisando o que sei de mim
Entre as páginas do nunca mais...
Viajo em torno do que me sei
Apalpando as partes ainda desconhecidas procurando
A cada vez que me desencanto...
Percebo então que finalmente
Nem eu mesmo sei como sou.

















Este cara não
Me é estranho.
Então, por que esse cara
 Me estranha?










De humano a desumano,
Quanto o homem rotula
O outro homem, infame?












Acredito que o bem vença o mal,
Só não distingo
Qual deles e mais mortal.

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