sábado, 12 de setembro de 2015



Àqueles que querem morrer hoje


Àqueles que querem morrer hoje
A vida descomplica de ser vivida,
A cada gesto uma nova intenção
Acata o outro, da mão em adeus...
Àqueles que querem morrer hoje
Uma intenção de gerir intenções:
Não é o momento propício este,
Lá fora a geada embranquece,
Lá fora a passarinha silencia,
Lá fora a vida desponta em vidas...
Àqueles que querem morrer hoje
Um último aviso retumbante:
Vais perder o melhor dessa festa
Onde crianças cantam hinos
E avós embalançam berços...
Àqueles que querem morrer hoje
O som dos sinos acalmou o gelo,
As luzes resplandecem o dia
Nascendo novamente, frio,
Aconchega o canto desafinado
Das meninas do coro, soberbas,
Com suas faces vermelhas...



O homem confuso
 dedico aos depoentes, por seu sarcasmo

O homem confuso
Taca pedra em defunto;
O homem confuso
Bate em moribundo;
O homem confuso
Juga boi manso
No chinguiço;
O homem confuso
Convulsa a multidão
Usurpando sua razão...
Chupa do osso o tutano
Cuspindo fora o fumo,
Carpindo pelos caminhos
O descaminho de surto...
O homem confuso
Se impõe de macho
Culpando capachos outros
Por seus fracassos...
E vai adiante desmentindo
O que mentiu indontem,
Por confuso?

Sergiodonadio.blogspot.com

Conchavos


Foi-me dito que a excentricidade
Dos homens maus difere
Do animal acuado em sua toca.
O animal humano em sua toca
Ruge, esbate-se, arregala-se...
Mas cede ao medo...
Foi-me dito, em segredo,
Que certas pessoas suam frio
Ante o improvável delírio...
Arremedo do mau, sendo bom,
Joga suas cartas e espera...
Foi-me dito que a espera cansa
E esbraveja como num jogo,
Mas treme ante o real da verdade.
Foi-me dito que o homem mau
Teme a sinceridade do bom...
Mas reage ao som da lira...
Da palavra certa, da desdita...
Não foi-me dito o quando pode
Sangrar um homem mau acuado
Entre o saber e sua ignorância
Sobre deveres e poderes alheios.

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