quarta-feira, 7 de outubro de 2015



 Muros


Entristece ver murarem
Essas casas avarandadas...
Estão tapando o sol das manhãs
Incidente sobre janelas abertas,
Tão fechadas...
Diriam mal da minha visão poética
Mas,
Sem poesia
O que vale o grande gramado
Escondido...
Se não pode ser visitado,
Não pelos poetas,
Pelos transeuntes apressados,
Sem outra paz a ser vigida?
Muros... Muros... Muros...
E nenhuma guarida.











Chuleio


Vi meu nome costurado na gola,
Isto fez de mim o dono dela...
A camisa deixada ficar na cadeira
Esperando que a passassem a ferro.
Eu gostaria de sabê-la minha,
A mesma roupa usada, amassada,
Deixada na cadeira por passar...
A mesma casa descasada,
A mesma ruga sendo nada...
O cansaço da costureira chuleia
Errado uma casa sem postura,
Botões e abotoaduras, soltos
Pela mesa esperando a mão...
Assim somos, vendo monstros
Onde apenas uma tênue luz
Costura...











Chá das horas


A menina faz o chá de ervas,
A água faz o odor de ervas,
Eu gostaria de saber quem
É esta menina e sua chaleira...

De poder dizer a ela o quanto
Seu chá ameniza as eiras...
Seu olhar calmo estreita laços,
Sua voz tranquila tranquiliza...

Mas estamos aqui verberando
Coisas que não ficam doces
Ao chio de chaleira fervente,

Somos lobos auscultando
Ruídos de aves medrosas...
Que não seja mais por isso.


Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse,
Clube de Autores, Amazon.








Troféus


Na estranha casa do chefe
Cabeças sobre a lareira
Botam sangue,
Tiros perdidos, a esmo?
Direcionados para esses alvos,
Fardados com suas baionetas,
Farrapos com suas mutretas...
Se ajuntam nas ribanceiras
Deixando órfãos... Ossos
Limpados, vestes rasgadas,
Um infindo chão calcinado,
Um vai e vem de balaços...
Na casa do chefe estranho
Cabeças ornam a lareira,
De ambos os lados.

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