domingo, 15 de novembro de 2015



Encerramentos


As memórias antigas
Estão ouvindo passos,
A respiração funesta
Se aproxima ao bafo...
O granito cobre ossos
Deste corpo escasso...
Por onde as pessoas
Estão rezando o terço?
Onde estarão as outras?
Quem ficou de vir
E não veio? Memórias
Funestas ouvem passos
Além da campa, o veio
De riscados auríferos...
Apenas nomes, datas,
Números, imensidade
De esquecimentos fere
A causa desse choro,
E do riso de lá fora
Lembrando momentos
Como fora agora.




Baile


A fantasia sofre
O suor da cara...
O odor que exala
Comprime narinas.
A verdade é falha,
A verdade é muda,
A verdade é surda...
E não opina.







Ouvir alegre a tristeza
Definir-se como tal
Pode ser a esperteza
Que separa açúcar e sal...






Ideias como herança


Quando
O que me é chegar a ser
Talvez já não o seja,
Estarei de mala pronta.
Como a rotação da terra
Floresce as primaveras
A cada tempo,
Estejamos nós presentes,
Ou à nossa ausência,
Florirão novos ensejos.
O tempo independe da vontade
Daquele que chega ou parte...
O que chega traz suas malas,
O que parte deixa suas malas,
Mas, para que poderá servir
A ideia deixada ficar
Entre as poeiras de cada?
Se roupas lhes foram moldadas,
A quem servirão?  Ao nada?
Ideias têm medidas universais...
Assim, nesse plantio de ideias,
Quando o que é chegar a ser
For colhido talvez já não seja
Necessário ser.

 Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.

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