domingo, 6 de dezembro de 2015



Desse barro


Pode que a esperança
Seja passageira,
Mas ela é condutora
Mesmo assim...
Nesse trem mal acabado
De trilhos tortos,
Pontes frouxas
E uma infinda paisagem
Monótona...
Pode seja sorte
Comandar sem direção
Esse tempo paixão
Trazido de estações
Antigas, velhas,
Carcomidas... Mas,
Dizendo as histórias
Que formam desse barro
A vida.





Toda espera


Toda espera é esperança.
Quando eu me for, irei sozinho,
Deixando as coisas e pessoas,
As gravatas que não usei,
O terno enternado,
As camisas sem botões,
(odeio botões) mas odiar
Não cabe no meu dicionário.
Não quero permanecer...
Serei cinza e alma, sem saber
Qual sobreviverá...
Serei aquele fato da foto,
Não a foto do fato.
Mas o fato de fato é que
Já não existirei para sentir
Isso ou aquilo... Então,
A esperança é a espera
De que esqueçam
Este que erra.




Voadores


Olhando sua pose
Em seu silêncio
Dá-me impressão que vês
O que não vejo
No nosso mesmo firmamento...
É assim mesmo?
Vazio para os descrentes.
Invejo a força de ver, ao longe,
Os braços de um deus
Abençoando
Onde vejo azul e branco
Emoldurando
A passagem do avião,
Que tu não vês
Entre seus anjos.








Zelo


Minha querida... Talvez
 Você não saiba, mas a vida
Encobre erros de quem
Tem passado ermo.









A passagem de um tempo
Elucubrado
Amedronta a memória
Sem passado






Entre pétalas


Entre pétalas raras
De um caule escasso
Teima contra um tempo
Atrofiado sentir-se viva
A flor restante ao vento
Forte de anteontem...
Única haste sobreviva
Na areia molhada à deriva...
Inda teima impulsionar-se
Ao sol da nova tarde.
Pode tal vento excludente
Endurecer a rosa?
De passagem o vento sopra
Assobia e assusta
Mas não arrasa à força
Bruta.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.

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