quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Aos agrisalháveis


A idade arrefece os ânimos.
Cada tempo mais distante,
Cada gesto menos viço,
Cada passo hesitante
Abraço sem compromisso.
Cada noite se alonga
Em cada dia mais ouriço.
Cada foto mais agrisalha
O que se diria juízo...
Cada veste mais relaxo,
Suspensórios, cinto frouxo,
A geração torna antigo
A mesma cama em sumiço.
Na precisão de estar contigo,
Me arrisco.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.







Politicagens


Há os que perdem-se na ética,
Há os que perdem a memória
Ao ganharem-se na carteira...
Há os que perdem a maneira
No perder de rumos lícitos
Por eles antes traçados.
Do barro ao infinito
Nesse finito de brejo d’almas...
Os que se acham.
Mas quase todos começam
Desafiantes
Para acabarem-se humilhantes
Frente ao eleitor humilhado.
Há os que voam cidades
Inundadas de necessidades...
Sem limpar seus pés na água
Que levou junto as casas,
A esperança, a crendice
Deixando mágoas aos que criam
Mágoas...




Na manufatura do tempo


Quanto vale
A ideia inaproveitável?
Às vezes muito, às vezes nada!
Passado o tempo de semeá-la
Mofa, escorça, inala, entala...
Por vezes, do nada torna tudo,
Às vezes, esse tudo vira em nada...
Assim a história conta ao mundo
Desabalado de pólvoras, fogo,
Águas represadas... Logro,
Nesse tudo virado em nada
O extremo da estrada.
Na manufatura do tempo
O contratempo explora
Contentos, descontentados
Na ira da ideia mofa
Petrificando o passado
Onde a história se amoita,
E volta.


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