terça-feira, 26 de janeiro de 2016



Os cavalos de Cecília Meireles


Vão-se acabar os cavalos!
Bradai no campo,
Possantes máquinas de aço,
Já estão chegando!
Adeus crinas, fogo nas ferraduras,
Adeus golpes nas noites,
curvas, garupas...
Já não falo de romances
Nem de batalhas:
Falo do campo florido,
Das águas claras,
Da vida andada ao lado
De nossa vida, dessa misteriosa
Forma que nos seguia
De tão longe, de tão longe,
De que tempos!
Desse nosso irmão antigo
De sofrimentos.


Os cavalos    réplica

Os cavalos existem
Desde que os domamos
Nossos escravos...
Os cavalos eram livres
Antes dessa existência
Sob o látego,
Quando não nos existiam,
Apenas pastavam...

Cada um tem a rédea
A segurar seus passos,
Seja homem ou cavalo.
Ninguém é sempre leão,
Ou veado, as posições
se invertem a cada passo,
Cuidadas por rédeas
Presas a cada laço.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.

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