terça-feira, 1 de março de 2016



Cenário vinte e um

Quantas horas se amontoam
Nesta hora?
Eu, de vivido e calejado,
Sei por futuro esse passado,
Sinto nesta hora a minha hora...
Bate o cuco... O cuco... O cuco...
Sua escola de como levantar-se
Sem demora.
E o cuco cuca a última hora.
A duodécima hora na marcação
Monótona dessa vida
Sol vem, sol vai,
Alguém recebe esse fato
Tocando chorinho na viola...
Ouço ao longe... Bem longe...
Nos longes do mundo
 A viola chorando minha hora,
Minha duodécima hora,
A última hora do cuco.





Cenário vinte e dois

Às vezes choro a reação,
Às vezes rio... Esbravejo...
Não posso cavalgar campinas
Esfolando canelas, mas me esfolo
Em cada ato antes da cancela.
Ao trocar as pernas cansadas
Já me dói o cruzar das falas,
Mata-burros de minha estrada...
É mais doído que o adeus,
Peno pelo final das horas
Nesse relógio fatal
Indo embora...
Que tarde fria e penosa
Para a gente entardecer-se...
Eu quereria, meu compadre,
A pura vadiação
De voltar sem ter voltado,
Nas falas desse falado
Quero ter a sinceridade
De reconhecê-los sãos...

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal Clube de Autores, Amazon Kindle

Nenhum comentário:

Postar um comentário