domingo, 24 de abril de 2016



A vida passa,
E por passar passeia,
Não confunda a sua
Com a alheia...







Fica o dito por não dito,
Que este tipo cheio de razão
É um tanto esquisito...









Maçanetas


Essas pecinhas sem juízo,
Que abrem todas as portas
Mas não as sabem travar...






Como as moscas


As pessoas trombam nas vidraças,
Voltam sempre a trombar
Sem entender o que se passa...








Está chovendo


Está chovendo,
As pessoas se cobrem com jornais
Pelo repentino da aguada...
Olhos amiudados, ombros retesados,
Na voz um soturno inconsolado,
Todos procuram precaver-se
Como se, encolhidos, não se molhassem tanto quanto...
Assim se encolhendo sob jornais...
Pessoas não são como pássaros,
Essas encharcam quando aqueles libertam-se sob essas águas,
Sábios manipulando seus dias,
Escolhendo suas horas
E a demora de irem-se embora,
Embora continue chovendo
Sobre ombros retesados
E olhos amiudados
Porta afora.




Projeções


É tempo de poder levantar-me,
Sento os olhos sobre esse tempo
Passando sob meu olhar pasmo
De o ver passar-me...
Este olhar parado no sempre
A tempo de poder levantar-te.
Das minhas sobras sobrará um tempo
A dar-te, na memória do esquecimento.
É tempo de podermos levantar
Sonhos dormidos
E seguir em frente, mesmo possuídos
Por cada desses repentes,
É tempo de ousar o siso,
Novo assanhamento:
O novo, o porvir, o vento...
A sair do invólucro fechado
E abrir as asas, e voar, e viver o tempo
Que se fez acordado, que à frente
Não há um abismo, projetado
É o infinito no olhar em frente.

sergiodonadio.blogspot.com
editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal) Amazon Kindle, Creatspace
 Perse e Clube de Autores



Gerações de geradores


O mundo está posto de ponta cabeça,
Meninos se autodenominam homens
Mas continuam criançando...
Homens caminham cabisbaixos,
Vencidos pelas suas derrotas,
Pelo tempo vivido a cuidar filhos
Que se fizeram antes homens,
Dívidas, multas às excentricidades
Dessa vida modernizada em atos
Que se penalizam por desconhecer
Razões que não compreendem ser,
Por uma geração sem princípios,
Correndo para todo lado, trombando,
Se fazendo tardos... Voltando...
Sem definir bem suas metas,
Metalizando imaginadas ofertas,
Pequeno nacos ambulantes
De uma sociedade a gerar covardes
De uma covardia incompreendida
Aos saltos.






Sei que todas as formas
São válidas,
Mas é-me difícil aceita-las.
O telefone está mudo
Há três dias e não sinto falta,
Nem noto seu silêncio
Quando cala.
O celular queimou e não me falta.
Sinto como não sendo desse século,
Vivo no século dezenove,
Com algum esforço vejo-me no vinte,
Mas,
Nunca nesse balburdio orquestrado
Pelos barulhos de um tempo tenso,

Sem passado.

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