sexta-feira, 15 de abril de 2016

Digitais


Essas sujas paredes marrons
Amarelas...
Essas letras comestíveis
Sobre elas...
Essas mãos de crianças, carimbadas
Nelas...

Uma incondicional deferência:
Todas se curvam à mão da criança
E de seu chocolate amargo
Nas terças de madeira e prego

Vistas arranhadas pelas rodas
De suas bicicletas
E tomadas ousadas...
E mãos frenéticas...

Tudo isso é uma cena que passa,
Que lembra um tempo que passa,
Que faz uma lágrima, que fica...
E abraça.


Fim de baile


Talvez seja propício historiar
O imprevisto das horas doce-amargas...
Assim o canto não sai de ser um conto,
Mas dói como a levada cansada
Das pernas frouxas de viandar...

Talvez o choro extravase a alegria.
Talvez agora a mão indecisa se firme.
Talvez o momento seja promessa.
Talvez eu já não tenha a pressa
De sorrir ou chorar, de brigar...

Talvez o hoje seja a razão de voltar
Ao mesmo lugar de ontem, de antes,
De nunca ter saído daquele não lugar,
Embora viajado infernos paraísos
Nos momentos depois do juízo.









Talvez o depois seja o já vivido e
O agora a proporção de nadas
A mensurar os possuídos valores de
Antes de regrar as mãos e os pés,
Antes de dizer à que se vai.

O canto capaz de sonhar-se poesia
Entre uma palavra vazia e um penar,
Monótono, mas interessante de pensar.
Talvez por isso a mão tremule,
Não o adeus, a lonjura do adeus.

As fases passadas na vivência
Veem chegando devagar ao gesto,
O gesto emperra pensamentos
Num apenas vulgar sentimento de
Choros convulsivos... Ou risos.








Talvez agora o riso seja felicidade,
Mesmo que tarda, mesmo que lisa,
Como a face enrugada lisa da velhice
Moldada nas horas de espera
Pelo chão que vai sumir... Sumindo.

Aí sim, talvez a mão seja a extensão
Do abraço, e o traço, ah... O traço
Seja traçado num papel em branco,
Outra vez redesenhado para sorrir
O choro das intenções divididas.


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