domingo, 1 de maio de 2016

O olhar da mãe


A impressão
É de que tudo fora belo...
O olhar tranquilo,
As bochechas vermelhas,
As mãos calejadas,
A razão... Sempre a razão
No lugar da indignação.
A resposta exata
À pergunta mal formulada.
A questão das horas vividas,
Dos sonhos vencidos,
Das águas passadas,
Das mágoas esquecidas...
A impressão
De que tudo fora sereno...
As madrugadas mal dormidas,
Os partos desacompanhados...
A vida... Sempre a vida,
Acima das irrelevâncias
Dos sonhares parcos
De lembranças.
O que mais me lembra
Minha mãe
Era a sinceridade dos atos
E o silêncio ante boatos...
A vívida sabedoria de anos
Tabulando as crias afilhadas...
Um olhar de orgulho
A cada obstáculo vencido,
A cada caminho acertado...
A cada memento vivido.
Na minha mãe vejo outras mães,
Carregando berços
Pela vida afora...
Pelos desassossegos...
Pelas vitórias.
Pelo aconchego das horas...
Pelas escolhas, pelas encolhas,
Pela fé na mão que se dá
Ao ser que vem à luz,
E passa.
Senhoras... Elegantes Senhoras,
Eu vos pranteio!
Pelo que me veio a dar
Vossa atenção de se dar
E ser esteio.

sergiodonadio.blogspot.com
editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal)
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Perse e Clube de Autores

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