terça-feira, 16 de agosto de 2016


Entre lágrimas


As pessoas sorriem
Com sua primeira lágrima...
E choram
Com sua última lágrima...
É que viver é em escalas
Desde o nascer desse novo
Ao gargalo último fardo...
Esse de sorrir mesmo
No choro,
Que a dor de viver
É esse efêmero estorvo
Que te faz chorar
De alegria plena...
As pessoas sentem
Por teres partido
E não sabem como
Sufocar em riso
A estranheza de te ter
Partido
Em chegado extremo.



Périplo


A forma de fazer
Do espelho
Uma vidraça de rir
Primeiro...
Talvez aqui a criança
Tenha razão quando pede
Em oração
A parte fraca desse roteiro
Que dê a mão...
Que dê a mão ao périplo
Ordeiro
Dessa procissão de louros
Entre velhos culpados
De seus erros.









Eu tenho uma viagem


Eu tenho essa viagem
Cheia de oceanos...
Na visão que parte
De meus sonhos...
Eu tenho esse sonho
Cheio de viagens
Ao mundo claro
Desses oceanos...
Eu tenho a índole
De meu avô italiano
Olhando o oceano
E sua partida
Partido no mesmo
Sonho... Com certeza
Eu tenho essa viagem
Cheia de oceanos...










O dia tende a tornar-se
Aquilo que dele se espera...
Sorria, teu dia começa
Quando sol posto te sabe...









Penso em meu olho
Construindo a paisagem
De um sol surgindo
Nos galhos da árvore...






Entre vidas


Na manhã desperto,
Ouço os bem-te-vis na antena
Chamando seus parceiros....
A manhã desperta em mim
Essa sensação de pleno
Entre as flores cadentes
E os bem-te-vis alvissareiros.
Em pleno agosto as cerejeiras
Soltam suas flores coloridas
Preparando a vinda
De suas novas vidas...
Na manhã desperto
Essa intuição de vero
Perpassar do tempo
Entre flores caindo
E flores crescendo...







Nas curvas do tempo
Do livro Primários

Quando o dia cai a termo
Ouço essas vozes chamando
Planto palavras a esmo
Soletrando...
Quando a viagem se inicia
Sei-me então viajando
Entre as alegrias do dia
E o silêncio entranhando
Nas disposições noturnas...
Este silêncio...
Este silêncio perturba
A paz almejada a pouco
Agora dita conseguida
Com certo esforço...
Quando o dia desconecta
Minha noção de tempo
Não importa quanto resta
Ao contratempo...
Estou avivado nesse momento
De curvar um tento.


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As distâncias
Que os olhos vêm
Os pés não conseguem

Alcançar...

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