quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Observatório

Nação morena, sim senhor,
Com muito orgulho!
O moreno só é moreno
Pela pele?
Graças a Deus que não!
O moreno, como o polaco,
Como o asiático, têm
O mesmo coração,
Humanamente
Pulsado.
A alma desse moreno
Que cor terá,
Entre as cores desse parto
Exposta ao deus dará?









Das cheganças


Épocas comemorativas
Emocionam o senso
Aos descompromissos...
Não pensas nas dívidas,
Sejam ativas, desativas,
Sejam monótonas
Promissórias prometidas...
Monetárias ou humanitárias,
Sempre dívidas...
Apagadas no panetone,
Nas bolas coloridas
Nos pinheiros falsos...
Na chegança dessas datas,
Coelhos trazendo ovos,
Jesus deixando presentes
Pelas mãos e São Nicolau...
Comemorar o esquecido
Passar do tempo
Em momentos...







Nós sempre fomos eu,
Mesmo quando chamei
Alguém que me perdeu...
Subi as rampas oferecidas,
Desci as águas consumidas
E vamos em frente, nós,
Equitativamente iguais,
Com ombros caídos,
Com mãos calejadas
E um ai a cada caída
Levantada.
Nós sempre quisemos ser eu,
E assim é que caminhamos
Nossos passos
A caminho doutro sonho
Que se perdeu.










Para este ser doente
Suas roupas adoecem junto,
São calças, gravatas, lenços
À espera de ser defuntos...









Depois de cumprir idades
Não vale suicidar,
Tem cada vez menos
Pra morrer junto...






Os sonhos da pessoa


São seus tesouros,
Ele sonha ser médico,
Depois enfermeiro...
Tenta sonhar outras profissões
E acaba sendo
O homem da limpeza,
Das panelas depois do almoço,
Das latrinas, dos canis...
Assim mataram os sonhos
Deste homem
Que vai esvanecendo
Pouco a pouco
Na mesmice de obedecer ordens
Desconexas de alguém,
Sendo levado a viver seus dias
Como algo sem outro fim
Que se inicia às 6 horas da manhã
E finda ao som da Ave Maria,
Todo dia... Todo dia... Todos os dias
Até que lhe findem os dias.


Dia de apuração


Se a ideia é de que
Alguém aqui seja santo,
Esquece...
A promessa, lógico,
Não será conferida,
Mesmo que promessa
Seja dívida.
Aqui se locupletam,
A conta, amarga,
Será dividida.
O que enerva
Nessa turba indigesta,
É a cara despercebida...
Mas antes que o galo cante
Três vezes, será vencida
Pelo desencanto da secura
Antes da virada costumeira,
Não é a última, não foi a primeira,
Por falta de opções
Vencerá outra vez
A opção rasteira?

sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores


Nenhum comentário:

Postar um comentário