terça-feira, 4 de outubro de 2016

Nas águas do temporal


Quando as águas desobedecem
Afogam-se lixos e meninos,
Confundem-se coisas e abrigos...
Um cão passeando sua fome
Nesta lixeira deixou-se levar
Nessas águas do temporal.
Casas perdidas nas beiras,
Gentes cuidadas feito coisas,
Coisas cuidadas feito gentes...
Confundem-se nas incertezas
Das águas temporais...
Quando as águas desobedecem














Nesse mundo feito de amor e dor,
De dor e amor, de amor e dor...
Vê-se esporadicamente um sorriso
A conservar o siso...









Às vezes a necessidade é tanta...
Mas diáfana, não pode ser notada
Pelo que se preocupa consigo
E o resto parece-lhe nada...






Fechados


As pessoas erguem muros
E os muros derrubam as pessoas...
Enquanto pessoas constroem muros
Os muros desconstroem pessoas...
Quando ficam inseguras
Sentindo-se seguras se escondendo...
Os muros escondem às pessoas
A realidade em volta delas...
Por serem frágeis
Atrás de fios eletrificados
Separando-as da companhia
Dos seus iguais...
As pessoas que erguem muros
Cercam-se de dúvidas, e isto
É pior que o olhar bandido
Para dentro de seus lares desavisos,
Casas que se transformam em prisões
Deixam de serem lares
Para se tornarem labirintos
Por onde pululam suas feridas
E moem-se seus instintos 
quando intramuros se delimitam.
sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores

Quase


Nos vazios me procuro
Nos espaços intramuros
Das dores me encontro
Num sorriso de acalanto,

Aqui moramos tempos:
O passado na saudade,
O futuro na esperança,
O presente na presença

Na moldura da pintura
Que me faço dia a dia
As cores dizem quanto,

Tão-só cintilam brilhos
Arriados na temperança

Lealmente no seu estilo.

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