quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A realidade pode esperar


Todas as obras construídas
No plano de um dia concretizadas?
Todas as viagens, os diplomas,
A ansiedade pelo desempenho…
Os motores, as motos, os hotéis,
Os cruzeiros pelos caribes…
Tudo realizável no plano dos amanhãs.
Pelo fim dos tempos,
Quando as pernas afrouxam,
O sexo, os braços, os abraços…
A procissão de fatos.
Esperar… Esperar…
Até quando não houver mais
Motivos a sonhar
A espera.








Meu pálido amigo


Meu amigo estava pálido,
Troncho, procurando encosto
Pelas ruas sujas de seu trecho…
Viajamos no tempo tantas vezes
A relembrar o vadio passado.
(Tinha muito medo do inferno
Prometido a ele, desacreditado)
Tergiversava sobre isso,
De merecimentos…
Caminhava, com muito esforço
E pouco avanço, sumiu de vista.
Faz falta sua conversa abalizada
Sobre as matérias advocatícias…
Hoje tivemos notícia do velório,
Fomos pra lá, uns orando pela sua alma,
Outros refazendo nossos passos…
Impressiona como, depois de morto,
Ele nos parece mais sadio que em vida,
Com a calma usual aos mortos,
Sem a palidez da lida.



Espaventados


Os pássaros
Abatidos pelos estilingues
Cantam do lado de lá,
Fora da vista dos predadores.
A passagem do trem
Espanta os pombos,
Sinos as andorinhas
E tudo é tão corriqueiro
Para o homem
Que passa veneno
Nos pés das couves
E envenena o outro homem,
Talvez intencionalmente?
Espaventado tenta.









Ao cabo dos dias


As mãos
Já não respondem
Ao gesto.
As mãos
Já não espremem
Limão,
Cravos nas costas
Do parceiro.
As mãos
Já não se firmam
Ao cabo da faca
Na feitura do palito,
Já não apertam outras
Na feitura dos amigos,
Mas continuam aqui,
Tremendo e esperando
Paralisarem de vez,
Ao remate da tarde,
Resumindo as dores.





CONVIDO-OS A VISITAR MINHA PÁGINA
E VER COM MAIS INTIMIDADE VÍDEOS E TEXTOS


Cada um colhe seu semeado?


Hoje os tomates
São feito estratos,
Colhi-os pela manhã,
Na banca do mercado,
Passados de maduro,
No ponto para a fervura,
Assim como os meninos
De um tempo, semeados…
Batidos com suas sementes
E suas cascas, seus miolos,
Assim como todas as frutas
E verduras e pessoas, para
Moê-los nesse tempo afora
E verte-los ao sal e à água
E conserva-los nesse gelo
Que nos faz consumidores
Do não plantado, colhido
Ao desassossego, à revelia
Do velho ditado,
Na efervescência…
Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Scortecci, Saraiva. 
Incógnita (Portugal) 
Amazon Kindle, Creatspace
Perse e Clube de Autores



Questão de religiosidade


Eu acredito em Deus.
A dúvida é se Ele
Acredita em mim…












Nenhum comentário:

Postar um comentário